A visão no esporte

Talvez você já tenha ouvido a expressão que “o cara tem uma excelente visão de jogo”. É claro que isso vai pra além da visão que utilizamos no dia-a-dia, mas você já se perguntou até onde pode ir a relação entre a visão e o jogo?

Bem… se você por acaso usa óculos, uma dessas relações você já sabe. A acuidade visual é uma das medidas mais importantes para o esporte. Ela é determinada por exemplo por aqueles testes bem conhecidos (ver figura abaixo) e mede a capacidade do olho de perceber a forma e o contorno dos objetos.

Tabela de Snellen – não se desespere se vc não enxergar. Está pequena mesmo ; )

As consequências de distúrbios visuais, mesmo que pequenos, para o desempenho são claras. Entretanto a visão vai muito além desta acuidade, testada em consultórios de oftalmologistas.

Imagine um jogador de futebol prestes a executar um passe entre defensores do time adversário. Naturalmente ele deve utilizar ao máximo seu campo visual para analisar todas as suas possibilidades. O campo visual inclui a sua visão central, ou seja, o foco para onde ele está olhando, e a visão periférica, quer dizer, todo o entorno.

A visão periférica é um dos principais diferenciais em atletas de alta performance. Ela faz com que o atleta tenha mais possibilidades de ação e possa surpreender adversários. Praticamente todos os esportes se beneficiam desta utilização. Pense em um tenista prestes a responder a um saque: ele olha para a bola ao rebater, e ao mesmo tempo deve perceber a posição do seu adversário em quadra; Outro exemplo: um lutador prepara um golpe ao observar a guarda do adversário. Ao mesmo tempo, ele nota a movimentação do tronco e das pernas do oponentee para evitar um possível ataque. Enfim, poderíamos passar horas citando exemplos como estes.

 

Informações visuais importantes no momento da decisão de uma jogada.

Uma má notícia é que não é possível expandir a visão periférica. Mas a boa notícia é que é possivel treinar sua utilização. (falaremos mais sobre isso em breve)

Outra característica importante da visão é a percepção de contraste. Em outras palavras, o quanto somos sensíveis ao contraste de um objeto com o fundo da imagem. Isso fica bem claro quando pensamos por que nenhuma bola de futebol nem é, nem nunca será verde como a grama. MAs o contraste não se restringe à cor, envolve também diferenças entre luminosidades de objetos.

Outra coisa indispensável é a percepção de profundidade (a visão 3D!). Ela permite que tenhamos noção das distâncias dos objetos. Consequentemente, conseguimos identificar a trajetória da bola que vem em nossa direção, e por fim, ter um ideia de quando a bola chegará no seu destino final. Essa é uma base visual do conhecido timing.

Apesar de termos falado sempre de exemplos de objetos, nunca podemos esquecer que estes objetos no esporte estão quase sempre em movimento, seja a bola, jogador, ou a mão do oponente. Em última instância. o objetivo geralmente é usar a informação deste movimento para tomar as decisões e realizar jogadas, por isso é de grande importância nossa percepção de movimento.

Mas veja que interessante: a nossa visão periférica é excelente em perceber movimento! Por isso ao bater um pênalti, além das vantagens do batedor (que você pode ver neste post), eis aqui uma nova: mesmo enquanto o cobrador olha para a bola durante a batida, com sua visão periférica ele percebe o movimento do goleiro, e consegue a tempo mudar a direção de sua cobrança de acordo com o lado que o goleiro cai.

Além de tudo isso, é importante que o atleta, seja qual for sua modalidade esportiva, individual ou coletiva, esteja atento a estas informações. Quer dizer, de nada adianta ter grandes capacidades visuais, se não souber usá-las.

Em outros posts abordaremos com mais detalhes cada uma dessas características da visão. Fique atento!

 

Enfim, deu pra ver por quê a “visão de jogo” é algo tão raro?

 

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