No GP da Áustria no dia 09 de junho de 2017, o finlandês Valtteri Bottas se envolveu em uma polêmica:
Teria ele queimado a largada ou não?
Nas suas palavras, o segredo está no treinamento:
“Treinamos muito as largadas e também o tempo de reação. Durante os treinos, muitas vezes você consegue largadas perfeitas, mas durante as corridas, seu cérebro costuma ser mais cuidadoso, mas desta vez eu tive uma largada perfeita.”
O que realmente faz todo o sentido.
Além disso, mesmo depois de investigação foi inocentado por qualquer antecipação, já que a Formula 1 tem uma margem de erro para este tipo de ocorrido, admitindo alguns milésimos, que podem acontecer por conta de questões mecânicas, como um ajuste na embreagem do carro.
201ms vs 150ms
Polêmicas à parte, fato é que seu tempo foi registrado em 201 milésimos de segundo. Entretando, o que parece ser uma largada tão rápida a ponto de questionar-se uma largada falsa, é muito lento comparado a uma largada falsa no atletismo, que ocorre abaixo de 100 milésimos. Será que isso ocorre por conta das regras?
Muito longe disso. Na realidade as regras estão ajustadas ao funcionamento do nosso cérebro. Isso pode parecer estranho, mas é o cérebro quem comanda toda a reação do atleta. Por exemplo, no atletismo, qualquer largada abaixo de 100 milésimos de segundo é considerada uma largada falsa simplesmente pelo fato de que é humanamente impossível reagir tão rápido a um estímulo.
Note aqui a diferença: No atletismo a largada do mito Usain Bolt, por exemplo, mesmo sendo considera uma largada lenta comparada a de outros corredores, gira em torno de 150 milissegundos (ou milésimos de segundos).
A luz vs o som
Isso acontece porque o cérebro humano (e de todos os mamíferos) reage mais rápido a estímulos auditivos que visuais. As informações visuais e auditivas chegam a seus respectivos órgãos receptores (o olho ou o ouvido), onde são traduzidas para impulsos elétricos, e levadas adiante por neurônios.
A partir daí, o caminho destes neurônios segue uma regra parecida: eles saem do órgão receptor dos sinais, fazem conexões em centros específicos de estruturas do nosso encéfalo, e em seguida, cada informação segue seu caminho até uma área específica no cérebro.
Tudo se baseia na comuniação entre os neurônios
Seguindo seu caminho, as conexões entre os nerônios (sinapses) são feitas de modo a interpretar a informação que nosso ouvido ou olho recebeu, e reagir.
Acontece que o caminho percorrido pelo som até chegar ao cérebro, e consequentemente a reação ao estímulo sonoro, é temporalmente mais eficiente que a reação ao estímulo visual. (para saber mais sobre a reação e decisão do estímulo visual, clique aqui)
Você já sabe que os corredores devem reagir a uma largada sonora (sua posição de largada não permitira ser diferente), e os pilotos a um estímulo visual – as luzes se apagando – (o capacete também não permitira diferente).
Agora você sabe por que a reação dos atletas do atletismo é mais rápida!
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