Dentro do cérebro – O tempo para reagir

Em praticamente todos os esportes, o tempo de reação pode fazer toda a diferença nos resultados.

Mas o que ocorre no cérebro durante o tempo de reação? A resposta a esta pergunta envolve muitas etapas e compreendê-las pode auxiliar na preparação de qualquer atleta. A seguir listamos as principais etapas:

 

1 – Do olho ao cérebro

O mundo que vemos é na realidade apenas uma interpretação do mundo real. Isso pode até soar meio filosófico, mas do ponto de vista da neurociência é isso mesmo. O olho capta uma seleção de informações luminosas que não passam de uma pequena parte das informações existentes. Não vemos por exemplo, o infra-vermelho, nem o ultra-violeta, apesar de estarem aí em todo lugar.

Mas mesmo a informação que chega aos nossos olhos só começa a se transformar na imagem que conhecemos quando ela alcança nosso cérebro. Até aí ela viaja desde a retina, passa por outras estruturas e chega ao que chamamos de córtex cerebral. Só então começa a ser analisada. Se isso não acontecer, por exemplo, por uma lesão nesse caminho que leva do olho ao córtex, não vamos “enxergar” nada, mesmo com os olhos funcionando perfeitamente.

 

2 – Interpretando a informação

O córtex pode ser dividido em diversas regiões, e algumas delas são responsáveis primariamente em receber as informações visuais. As primeiras regiões que recebem estas informações ficam na parte occipital, bem atrás no cérebro. Estas informações vêm todas na forma de impulsos elétricos, e conforme vão passando de região em região, vão sendo interpretadas. A informação é passada de neurônio a neurônio nestas regiões através das chamadas sinapses.

 

3 – Localizando o objeto

Então quando um jogador de tênis vê a bola sendo atacada pelo seu adversário, por exemplo, a informação demora alguns milésimos de segundo para chegar ao córtex. O próximo passo é localização espacial da bola, e a região parietal entra como protagonista nessa fase. Essa informação ajudará o jogador a rebater a bola, mas nestas situações queremos mais que rebater a bola, queremos fazer o ponto, certo?

 

4 – Tomando a decisão

Então acertar a bola seria só uma parte da reação. O atleta tem também que decidir onde irá rebatê-la. Essa decisão acontece também dentro do cérebro. Então é preciso que aquela informação caminhe para outras regiões, onde vão se tornando cada vez mais complexas. Essas regiões fazem parte de diversas decisões durante o jogo e estão na chamada região pré-frontal do córtex. Essa comunicação entre as áreas também leva alguns milésimos de segundo.

 

5- Dando a ordem para os músculos

Agora, além de decifrar o que os olhos viram e tomar uma boa decisão, o cérebro ainda deve mandar a informação para os músculos se moverem de maneira adequada (queremos fazer o ponto, certo?). Para isso, vai integrar tudo que está acontecendo (visão, decisão, movimento) e elaborar a reação do atleta. Nesse momento, ainda outra região, o córtex motor, entra em atividade. Ela prepara e envia a ordem de movimento para os músculos. Ao final de aproximadamente 300 milissegundos o processo está pronto para virar uma reação.

 

Estas etapas estão todas por trás de um tempo de reação, e para que ocorram de maneira adequada devem ser trabalhadas tanto quanto a técnica do movimento.

Agora imagine a velocidade que vem a bola de tênis. Alguns milésimos de desatenção e temos uma bola alguns centímetros (ou metros!) mais longe. Por isso é importante que ele, o cérebro, esteja muito bem preparado para um bom desempenho, afinal… queremos fazer o ponto, certo? ; )

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