A Realidade Virtual deixa o treinamento cognitivo mais efetivo

Dê uma olhada atenta no vídeo abaixo:




Existe alguma forma de imaginar que o cérebro não é parte vital (neste caso, literalmente) desta cena?
Está chovendo. A visibilidade é baixa. A velocidade é alta (não poderia ser diferente). E, de repente, um carro praticamente parado à sua frente.
Mudança de ação, tomada de decisão, velocidade de reação, tudo ao extremo.
Em um movimento perfeito arquitetado em milissegundos o motorista não somente desvia do carro quase parado, como retorna à pista e continua a corrida.
Totalmente impressionante.
Essa é uma situação extrema, na qual toda a capacidade cerebral do atleta é colocada à prova.

Dentro de cada esporte, situações extremas como essa não ocorrem todos os dias, mas a capacidade dos atletas em adquirir, processar e responder a informações de um ambiente dinâmico sempre é determinante para sua performance.
Neste contexto, o treinamento cognitivo serve para simular e treinar situações de alta demanda cognitiva com o objetivo de fazer com que o atleta tenha condições de processar o maior número de informações da forma mais eficiente possível sempre que exigido.

Diferentes treinamentos cognitivos focam em diferentes capacidades cognitivas. Para algumas delas, um controle de resposta ergonômico para os pés, um botão de resposta preciso ou a posição do atleta (sentado, em pé ou fazendo alguma atividade física) pode facilitar a transferência das habilidades adquiridas para a prática esportiva real.

Em nossos estudos, observamos que além dos componentes acima, o ambiente visual faz uma diferença crucial para o treinamento. Se você quiser, assista novamente ao vídeo agora sabendo o que vai acontecer. Ainda assim ficamos impressionados com a velocidade da tomada de decisão do piloto.

Assistir ao vídeo de novo pode ser uma boa também porque talvez você tenha sido interrompido enquanto estava assistindo pela primeira vez. Talvez recebeu uma mensagem do whatsapp. Ou viu um link mais interessante ao lado.

Considerando esses e outros possíveis distratores e o nível de performance exigida no esporte, você realmente considera que a forma mais eficiente de treinarmos atletas para situações como a do vídeo é colocando-os sentados na frente de um computador de mesa, olhando para a mesma tela que eles usam para escrever um arquivo de texto no Word? Talvez comendo uma bolacha ou observando quem está e quem não está passando pelo corredor?

Acho que não, certo?

Não que este método não seja efetivo. Existem inúmeros estudos que mostram os resultados positivos de diversos treinamentos cognitivos que utilizam uma tela de computador ou mesmo a de um celular.

Mas essa não nos pareceu a forma mais eficiente de treinar pessoas que querem alto rendimento. Que buscam excelência e performance máximas.

Nossa solução foi a Realidade Virtual (RV).

Por meio dos óculos RV, os usuários imergem na tarefa. Como o piloto imerso na corrida, atento a cada detalhe que possa ser relevante para suas ações, os usuários da RV estão em um ambiente motivante e inovador que promove o engajamento e, consequentemente, a melhora de performance.

Mais do que isso, Baek-Hwan Cho e seus colegas do Departamento de Engenharia Biomédica da Universidade Hanyang (Seul) mostraram que o treinamento da atenção é mais efetivo quando realizado em ambiente virtual do que nas telas de computadores, ajudando crianças e adolescentes com disfunções comportamentais a melhorarem seu foco (referência 1).

Se você já leu nossa matéria sobre o treinamento cognitivo que realizamos na Sociedade Esportiva Palmeiras, você viu que exatamente a atenção foi a capacidade cerebral que mais melhorou com nosso treinamento. Melhora que refletiu em um aumento de ações ofensivas como passes em direção ao gol e finalizações.

O ambiente de RV nos permite contextualizar os treinamentos e, mais importante, controlar o que pode e o que não pode distrair o atleta. E testar como distrações modificam sua performance.

A imersão pode ser promovida de forma ainda mais eficiente ao isolarmos os atletas com fones de ouvido, controlando distrações sonoras.

Essas medidas que nos permitem aumentar a performance dos atletas durante o treinamento cognitivo são importantíssimas, já que trabalhos como o de Jaeggi e colaboradores da Universidade de Michigan e da Universidade Duke (USA) mostraram que a transferência depende também da performance que os atletas conseguem atingir quando estão sendo treinados (referência 2) e, se elas são influenciadas pela imersão, a RV fica ainda mais essencial para o treinamento cognitivo.

Não está convencido? Marque uma sessão de treinamento com a gente e venha imergir no NeuroSports Arena. A arena da Sensorial Sports para a avaliação e o treinamento do cérebro.

 

Referência 1: Cho, B. H., Ku, J., Jang, D. P., Kim, S., Lee, Y. H., Kim, I. Y., … & Kim, S. I. (2002). The effect of virtual reality cognitive training for attention enhancement. CyberPsychology & Behavior5(2), 129-137.

Referência 2: Jaeggi, S. M., Buschkuehl, M., Jonides, J., & Shah, P. (2011). Short-and long-term benefits of cognitive training. Proceedings of the National Academy of Sciences108(25), 10081-10086.

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